quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Estresse durante o início da vida muda os genes

Um estudo realizado no Instituto de Psiquiatria Max Planck, na Alemanha, mostrou que traumas e stress no início da vida têm um grande impacto sobre os genes e podem resultar em problemas de comportamento. Os pesquisadores realizaram o estudo em ratos, e observaram que os ratos estressados produzem hormônios que modificaram os genes, afetando o comportamento dos animais durante toda a vida.

O cientista Christopher Murgatroyd, que participou do estudo, afirma que a pesquisa mostra, em detalhes moleculares, exatamente como experiências estressantes podem reprogramar o comportamento em longo prazo. Para fazer essa análise, os pesquisadores causaram stress a ratos recém-nascidos e monitoraram como a experiência afetou o resto da vida dos animais.

“Separamos os filhotes das mães durante três horas diárias durante dez dias”, explica o pesquisador. “Este é um nível baixo de stress, e os animais não foram afetados nutricionalmente, mas a experiência faz com que eles se sintam abandonados”, diz Murgatroyd.

A equipe de pesquisadores descobriu que os ratos que tinham sido “abandonados” durante a infância têm menos habilidade para lidar com situações estressantes no resto da vida, além de ter uma memória mais fraca. Murgatroyd explica que estes efeitos acontecem devido a mudanças epigenéticas, ou seja, as experiências estressadas mudaram o DNA de alguns genes dos animais.

Quando os filhotes foram estressados, eles produziram altos níveis de hormônios de stress, que “torcem” o DNA de um gene que decodifica um hormônio de stress específico, a vasopressina. “Isto deixa uma marca permanente neste gene, e ela é programada para ser produzida em grandes níveis na idade adulta”, afirma Murgatroyd.

O estudo inicial foi realizado em ratos, mas os cientistas também estão interessados em descobrir como traumas na infância em humanos podem levar a problemas no futuro, como a depressão. O neurocientista Hans Reul, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, afirma que o estudo é uma importante adição aos trabalhos sobre os efeitos em longo prazo sobre o stress na infância. “Existem evidencias que adversidades como o abuso ou a negligência durante a infância podem contribuir para o desenvolvimento de doenças psiquiátricas”, explica Reul.

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